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sábado, 9 de agosto de 2008

"O amor que choveu" - Antônio Prado

Vale a pena conferir este texto, gente!!

"Era uma vez um menino que amava demais. Amava tanto, mas tanto,
que o amor nem cabia dentro dele. Saía pelos olhos, brilhando, pela boca,
cantando, pelas pernas, tremendo, pelas mãos, suando. (Só pelo umbigo é que não
saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).O menino
sabia que o único jeito de resolver a questão era dando o amor à menina que
amava. Mas como saber o que ela achava dele? Na classe, tinha mais quinze
meninos. Na escola, trezentos. No mundo, vai saber, uns dois bilhões? Como é que
ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por
ela? O menino tentou trancar o amor numa mala, mas não tinha como: nem sentando
em cima o zíper fechava. Resolveu então congelar, mas era tão quente, o amor,
que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio, do
quarteirão e logo o menino saiu andando pela cidade escura ― só ele brilhando
nas ruas, deixando pegadas de Star Fix por onde pisava. O que é que eu faço? ―
perguntou ao prefeito, ao amigo, ao doutor e a um pessoalzinho que passava a
vida sentado em frente ao posto de gasolina. Fala pra ela! ― diziam todos, sem
pensar duas vezes, mas ele não tinha coragem. E se ela não o amasse? E se não
aceitasse todo o amor que ele tinha pra dar? Ele ia murchar que nem uva passa,
explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2978. Tomou então a decisão:
iria atirar seu amor ao mar. Um polvo que se agarrasse a ele ― se tem oito
braços para os abraços, por que não quatro corações, para as suas paixões? Ele é
que não dava conta, era só um menino, com apenas duas mãos e o maior sentimento
do mundo. Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou. O que o
menino não sabia era que seu amor era maior do que o mar. E o amor do menino fez
o oceano evaporar. Ele chorou, chorou e chorou, pela morte do mar e de seu
grande amor. Até que sentiu uma gota na ponta do nariz. Depois outra, na orelha
e mais outra, no dedão do pé. Era o mar, misturado ao amor do menino, que chovia
do Saara à Belém, de Meca à Jerusalém. Choveu tanto que acabou molhando a menina
que o menino amava. E assim que a água tocou sua língua, ela saiu correndo para
a praia, pois já fazia meses que sentia o mesmo gosto, o gosto de um amor tão
grande, mas tão grande, que já nem cabia dentro dela.
"

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo, lindo!:)
Tô sensível hj!snif, snif...

Samya